Mille segue mais vivo do que nunca
Dizer que: “o jacaré está abraçando” e que “a vida não está fácil pra ninguém”, é tão senso comum como afirmar que o carro novo está “pelos olhos da cara”. Mas fato é que atualmente anda muito mais difícil levar um carro zero para casa. O jeito é apelar para um usado. Mas até mesmo os automóveis de segunda mão estão valorizados, o que obriga muitos consumidores a descer o teto do sonho. E uma opção para quem está com a grana contada é apostar no veterano Fiat (Uno) Mille.
O Mille saiu de cena no apagar de 2013, devido a obrigatoriedade do airbag e freios ABS que passou a vigorar desde 1º de janeiro do ano seguinte. Fabricado por 30 anos, o popular italiano seguiu imutável por três décadas. A única grande evolução estrutural foi a inclusão de duas novas portas, em meados dos anos 1990. E a defasagem estrutural também foi um dos fatores que sentenciaram sua morte.
Diversidade
Como se trata de um modelo que ficou em linha por 30 anos e descontinuado há quase cinco, seus preços variam muito na praça. De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os preços carrinho variam de R$ 3 mil a R$ 25 mil. A mais valorizada se refere à série especial Grazie Mille, que marcou a despedida do carrinho. Na prática, os preços da edição especial giram em torno de R$ 30 mil.
E nessa longa caminhada, nada mais natural que figurassem no Uninho diversas opções de motores e variadas versões de acabamento e séries especiais. Para ficar só nos motores, o Mille foi equipado com unidades 1.0, 1.3, 1.5, 1.6 e 1.4 turbo. Essa grande variedade de opções gera algumas distorções de valores que nem sempre condizem com o que as tabelas de referência apontam. Um Uno Turbo impecável pode vale mais de R$ 50 mil, enquanto uma versão Fire, ano 2011, pode ser encontrada abaixo dos R$ 12 mil, se não estiver bem cuidado.
Opção
Sendo assim, se o caro leitor não é um caçador de raridades e busca um carrinho barato e econômico, é possível conseguir um Uninho com valores bem mais acessíveis. A dica é apostar numa unidade Way 1.0, ano 2010. Segundo a Fipe, ele é avaliado em R$ 18 mil. No varejo, os preços variam de R$ 17 mil a R$ 20 mil, muito em função dos equipamentos embarcados.
O amigo pode achar que é muito velho e que é possível encontrar “coisa melhor” por esse valor. De fato, é possível. O mercado de usados é muito volátil e muitas vezes um modelo sem grande prestígio acaba se desvalorizando mais. Mas é preciso reconhecer que os atributos que fazem do Mille um carrinho, ele figura entre os mais vendidos no varejo de usados, é justamente o baixo impacto que ele tem no orçamento.
Equipamentos
Quem compra um Mille tem que ter em mente que está levando para casa um automóvel franciscano, no sentido literal da palavra.
De série ele conta apenas com…
- Marcador de temperatura da água,
- Direção mecânica,
- Vidros manuais,
- Ventilador.
Ou seja, é um carro que exige braços fortes, seja para girar o volante, abrir e fechar os vidros, abanar o calor e esfregar uma flanela para desembaçar o para-brisas nos dias de chuva.
Mas por outro lado era possível incluir itens opcionais como:
- Ar-condicionado,
- Vidros dianteiros elétricos,
- Direção hidráulica,
- Rádio com CD,
- Desembaçador e limpador traseiros.
Ao volante
O Mille Way 1.0 é um carrinho esperto, não pelo vigor de seu motor de 66 cv e 9,2 mkgf de torque. Mas pelo seu baixo peso. O fiat pesa só 840 quilos. Esse corpo fininho contribui para o bom desempenho dele na cidade. Ele sofre para arrancar em ladeiras, principalmente se estiver com ocupação completa. Na estrada, ele sofre nas retomadas, ultrapassagens devem ser bem calculadas pois ele tende a pedir marcha e não é raro reduzir para segunda em busca de fôlego.
O Mille tem excelente visibilidade. Sua área envidraçada é ampla, o que fez dele um carro famoso entre professores de auto-escola. Seu comprimento de 3,69 metros também faz dele um modelo imbatível na cidade.
Pesa contra a qualidade bisonha do acabamento e seu pacote de conteúdo paupérrimo, como já foi listado acima. Por outro lado, o consumo do Mille é sobrenatural, chegando a 14 km/l na cidade, abastecido com gasolina, e não é raro médias de 18 km/l na estrada.
Palavra final
Se o amigo precisa de um automóvel para tornar seu deslocamento diário mais prático e ágil que o transporte público, ou menos inseguro que uma motocicleta, o Mille pode ser uma ótima opção. É um carro de baixo custo, que bebe pouco e de fácil manutenção. O preço de tudo isso é a restrição de conforto, mas mesmo espartano, é uma limusine diante de um busão lotado às 18 horas.